Estudo descobre proteína que inibe multiplicação de SARS-CoV-2 in vitro
Um estudo recente publicado na revista científica Cell demonstra o potencial terapêutico de uma proteína solúvel recombinante (produzida em laboratório) rhsACE2 no combate à infecção pelo vírus SARS-CoV-2.
A ACE2 endógena existe na superfície das células humanas e é usada pelo vírus para entrar nessas células, e aí se multiplicar. Proteínas à superfície do vírus ligam-se à ACE2, formando um sistema de chave e fechadura que aciona a entrada nas células. Assim, uma maneira de evitar a entrada do vírus nas nossas células é impedir a chave do vírus de chegar à ACE2, a fechadura. A proteína rhsACE2 recombinante atuaria como engodo para o vírus, deixando menos partículas virais livres para se ligar à ACE2 endógena, reduzindo efetivamente a capacidade do vírus de entrar nas células e multiplicar. Foi essa a ideia que os autores deste estudo se propuseram testar. Eles descobriram que administrando a proteína recombinante rhsACE2 era possível reduzir a entrada de vírus nas células humanas in vitro. Este estudo foi realizado em condições de laboratório, mas ensaios clínicos com pacientes já começaram a avaliar o potencial protetor da rhsACE2 num cenário de infecção por COVID-19.
A proteína ACE2 recombinante usada neste estudo foi reaproveitada tendo sido testada anteriormente em ensaios clínicos para o tratamento de um tipo de insuficiência respiratória conhecida como “síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA)”. Nestes ensaios, a rhsACE2 foi bem tolerada, não mostrando sinais de toxicidade, o que é muito encorajador para seu possível uso no tratamento de pacientes com COVID-19.
Cientista autor deste texto: Cláudio Franco (iMM)
Comunicadores envolvidos na tradução e edição: Catarina Saboga e Hugo Soares
Artigo científico